Procura-se um amigo.

Não precisa ser homem. Basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de música, de madrugada, de andar descalço, de sol e de praia, de frio e de cobertor. Deve ter amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Que tenha um sonho, e queira realiza-los. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples. Saiba prometer e cumprir. Saiba sorrir, brincar, se jogar na lama. Mais que também saiba cair, saiba chorar, saiba sentir. Precisa-se de um amigo que não segue moda alguma, que entenda, que abrace. Um amigo que sinta ciúmes, que deite na grama, que coma brigadeiro, que assista filmes de terror e romance.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque se tem um amigo. Precisa-se de um amigo que abrace e faça parar de chorar. Um amigo que diga coisas bonitas, que ligue para desejar uma boa noite. Precisa-se de um amigo... sem regras, sem padrão. Só, um amigo.